Ambivalência é caracterizada por sentimentos opostos frente a mesma situação: querer e não querer; desejar e não desejar; ódio e amor. Estes são exemplos de sentimentos ambíguos, bem presentes na maternidade. Sentir tantas emoções ambíguas pode deixar a mulher confusa e pode refletir nos cuidados com o bebê, autocuidado e relação familiar. Esses episódios são comuns durante a fase de decisão (querer ou não ter filhos), durante a gravidez (será que fiz a escolha certa) ou após o nascimento do bebê (eu amo essa criança, mas às vezes tenho vontade de sumir e retomar a vida que tinha antes). Esses são alguns exemplos de sentimentos confusos durante a maternidade que podem ou não surgir e tendem a variar de mulher para mulher. O que sabemos é que está tudo bem e é comum ter essas emoções, mas também é importante manter o devido cuidado para que esses sentimentos não se tornem tão prevalentes e comuns que possam impactar essa mulher e a família.
Muitas mulheres não compartilham essas emoções por vergonha ou medo de serem julgadas, sofrendo caladas e questionando até mesmo sua relação e afeto pelo bebê. Nosso papel como psicoterapeutas é acolher essa demanda e oferecer um espaço seguro onde essas emoções possam ser bem elaboradas, permitindo que essa mulher lide com essas emoções e não evolua para um quadro de saúde mental indesejado.
Pensando neste cenário trouxemos algumas dicas e quebramos alguns mitos que podem acalmar o seu coração:
- Não são todas as mulheres que estão plenas e felizes na maternidade, não é necessariamente o melhor período da vida delas, o contrário também pode acontecer e elas podem se sentir no melhor momento de suas vidas. É nosso papel respeitar ambas as situações.
- Talvez você não queira receber os parabéns pela sua gestação. E está tudo bem! Não tem problema nenhum querer organizar suas emoções diante deste momento, e talvez você queira muito que todos saibam e te parabenizem por esse momento.
- Muitas pessoas e profissionais possuem pouco preparo, fazendo com que, em muitos casos, as mulheres sintam-se recriminadas e culpadas (a culpa acompanhando a maternidade desde muito cedo). Não se cale e não sofra sozinha. Busque apoio de pessoas que você ama e confia! Mas não ignore se for necessário um apoio psicológico completo que pode incluir psiquiatra e psicólogo.
- Sociedade que romantiza a maternidade aumenta as chances dessas mulheres continuarem sofrendo. Temos a responsabilidade de orientar e acolher essas demandas com educação e apoio.